Feliz Páscoa!

No inglês a páscoa chama-se Easter e em alemão chama-se Ostern.

“A Páscoa (do hebraico Pessach, significando passagem através do grego ?????) é um evento religioso cristão, normalmente considerado pelas igrejas ligadas a esta corrente religiosa como a maior e a mais importante festa da Cristandade. Na Páscoa os cristãos celebram a Ressurreição de Jesus Cristo depois da sua morte por crucificação (ver Sexta-Feira Santa) que teria ocorrido nesta época do ano em 30 ou 33 da Era Comum. O termo pode referir-se também ao período do ano canônico que dura cerca de dois meses, desde o domingo de Páscoa até ao Pentecostes.” Wikipédia.

Todos sabem da páscoa cristã e da páscoa judaica, que aqui chamaremos de pessach para criar uma diferenciação, e sabemos por alto da grande mistura de ritos na comemoração da páscoa cristã, contudo quero mostrar a vocês caros leitores quais são as origens desses ritos e seus significados reais.



Começarei explicando os nomes que citei no inicio desta postagem. Easter e Ostern são nomes que se originam do sabbat Ostera, O Sabbat do Equinócio da Primavera, também conhecido como Sabbat do Equinócio Vernal, Festival das Arvores, Alban Eilir e Rito de Eostre, é o rito de fertilidade que celebra o nascimento da Primavera e o redespertar da vida na Terra. Nesse dia sagrado, os Bruxos acendem fogueiras novas ao nascer do sol, se rejubilam, tocam sinos e decoram ovos cozidos – um antigo costume pagão associado à Deusa da Fertilidade.



Obvio que notamos o significado dos ovos e sua origem também no sabbat Ostera. Ovos, símbolos de fertilidade eram pintados com símbolos mágicos e lançados ao fogo ou enterrados como oferendas à deusa.
Os coelhos, por outro lado, são uma adaptação. Originalmente, as lebres de Eostre eram tidas como animais sagrados de fertilidade, devido sua grande capacidade de procriação. Eram desenhadas nas sacerdotisas e nos ovos. As lebres também eram sacrificadas para a deusa e como forma de conhecer o futuro.

E o chocolate? Todos sabem que o cacau só foi conhecido muito depois de a páscoa ter absorvido os ritos pagãos. Os alimentos antigos para o ritual do Ostera eram Bolos de mel e frutas, as frutas frescas da estação, o ponche de leite e a carne das lebres. Nos ritos da pessach, que serão posteriormente explicados, os alimentos são bem distintos, então como o chocolate entrou na história? Quando o cacau foi levado à Europa e o chocolate tornou-se conhecido, ele era um alimento de nobres. Reservado para Reis e Papas, e, na época da páscoa, era utilizado como um “revigorante”, um afrodisíaco, tanto pelos reis, seguindo a antiga tradição de fertilidade, quanto pelos papas, que sempre se sentiam energizados pela bebida das Américas.

Pessach. 

A pessach é a festa judaica que lembra a fuga dos hebreus para a terra prometida. No trecho abaixo vocês encontrarão uma explicação de como é realizado o Rito do Sêder do Pessach.

“O ritual de realização do sêder pascal: O seder é a refeição da noite de Páscoa, sendo esta a mais rica e mais solene entre todas as refeições hebraicas. A tradição rabinica estabelece quatorze pontos nas quais cada palavra exprime um elemento particular no ritual, que deve ser seguido detalhadamente a fim de cumprir com cuidado cada momento:
1. Qaddesh. É o início da celebração pascal, e consiste em uma benção pronunciada sobre um copo de vinho, que é bebido no final da oração.
2. Urhas (ablução das mãos). Lavam-se as mãos, sem entretanto recitar as bênçãos comuns, porque a refeição propriamente dita ainda não se inicia.
3. Karpas (sentem-se). Come-se uma folha de erva molhada no vinagre, como lembrança da amargura da escravidão.
4. Yahas (dividir) – Pegam-se os três pães asmos, quebra-se ao meio o que está ao centro, pondo uma metade novamente no centro e escondendo a outra metade em qualquer lugar, por exemplo, debaixo da toalha.
5. Maggid (narrador). Enche-se um segundo copo de vinho, e antes de bebê-lo narra-se a libertação do Egito, explicando o seu sentido e a atualidade com trechos da Bíblia e com narrações, hinos, cânticos e salmos. É a parte mais importante e específica do seder pascal.
6. Rohah (ablução). Lavam-se as mãos com a bênção habitual.
7. Mohsi’ massah (bênção dos asmos). Abençoa-se o pão como de costume, sendo que desta vez é o pão asmo, isto é, sem fermento, e come-se um pedacinho.
8. Maror (erva amarga). Come-se uma folha de erva amarga com um pouco de haroset, o doce composto de maçãs rapadas e de nozes, recorda como os hebreus, com sua coragem e seu amor pela liberdade, conseguiram suportar a escravatura egípcia.
9. Korek (envolver). Agora come-se uma folha de erva amarga, desta vez, com um pedaço de pão asmo.
10. Shulhan ‘Orek (ceia). É a hora da ceia, que se inicia, tendo como entrada um ovo ou outros alimentos especiais, ricos de conteúdo simbólico.
11. Safun (escondido). Come-se o pedaço de asmo que havia sido escondido previamente e que, com um termo de explicação incerta, é chamado de afiqoman. Ele é comido em memória do cordeiro pascal, e depois dele é proibido comer quailquer coisa até dia seguinte.
12. Barek (bênção). Terminada a refeição, lavam-se as mãos como de costume e se recita a Bircat ha-mazon (prece após arefeição), enchendo o terceiro copo e bebendo-o no fim.
13. Haliel (louvor). Então agradece-se a Deus pela ceia pascal através da qual se reviveu o milagre da liberdade. Enche-se um copo de vinho (o quarto), que se bebe depois de ter recitado os salmos 115-118, chamados de hallel. No fim de tudo abre-se a porta, para favorecer a entrada de Elias, o mensageiro da era messiânica.
14. Nirsah (aceitação). Anuncia-se o final do seia pascal e pede-se a Deus que seja sempre o libertador de Israel.”


A CELEBRAÇÃO DA PÁSCOA JUDAICA E AS TRADIÇÕES CULTURAIS: SIMBOLOGIA E SIGNIFICADO TOMAZ, Paulo Cesar (PPH/UEM) PELEGRINI, Sandra de Cássia Araújo (UEM/NEE/UNICAMP) http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pdf/st1/Tomaz,%20Paulo%20Cesar.pdf
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Outra curiosidade é a mudança constante da data da Páscoa. Esta também tem relação com o sabbat Ostera, já que a duração e o principio das festividades era coordenado com a primeira lua cheia da primavera, simbolizando a gravidez da deusa tríplice. Este aspecto foi adotado, sem relação direta com a primavera do hemisfério norte, para que a páscoa sempre caísse num domingo. A benção do Fogo e da Água, como a grande maioria dos ritos da páscoa também deriva do Ostera, já que nessa festividade o fogo era um elemento ritualístico sagrado assim como a água.

Bom, sem mais para o momento, despeço-me deixando um forte abraço a todos, e desejando-lhes feliz páscoa, pessach, ou Ostera.


Por D.L.