A pesquisa para o desenvolvimento de novas armas e maneiras de atacar e se defender do inimigo é comum em qualquer guerra. Se na Primeira Guerra Mundial a metralhadora foi a estrela armamentícia do combate, na época da Segunda Guerra as minas submarinas desenvolvidas pelos alemães eram uma armadilha da qual dificilmente os navios americanos escapavam. As minas eram acionadas pela alteração no campo magnético percebida com a aproximação dos navios feitos de aço. “O metal tem micromagnetos que possuem magnetismo latente”, explica o engenheiro elétrico, doutorando da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e editor da área de Ciências do grupo cético Sociedade da Terra Redonda (STR), Adão Antonio de Souza Junior. “Por isso eram facilmente detectados pelas minas”.`



A solução encontrada pela Marinha Americana para despistar as minas foi aplicar nos navios o sistema Degaussing. “É um sistema muito simples. Em resumo, eles enrolavam o navio em bobinas e aplicavam um campo magnético alternado. A idéia era desorientar os magnetos dentro do metal que forma o navio para que ele ficasse mais neutro magneticamente. Desta forma, o navio ficava invisível às minas”, explica.

Foi a partir desta experiência ocorrida realmente nos Estados Unidos que o também membro da STR, Kentaro Mori, um dos principais pesquisadores no Brasil sobre o Experimento Filadélfia, acredita que surgiu esta teoria conspiratória, que mistura UFOs, viagem no tempo e invisibilidade.

Tudo teria começado na década de 50 com o astrônomo norte-americano Morris Jessup, um entusiasta por UFOs que recebeu uma carta assinada por um marujo chamado Carl Allen. A carta contava que ao participar de uma fragata em Norfolk, estado da Virgínia, em 1943, ele viu surgir, do nada, um destróier, que logo depois desapareceu novamente. Ao ler um jornal da Pensilvânia, Filadélfia, descobriu que havia desaparecido do porto por alguns instantes o mesmo destróier que ele havia visto na outra cidade, no mesmo horário. O astrônomo, no entanto, não deu continuidade à pesquisa da estória e, por motivos conjugais, suicidou-se poucos anos depois. Na década de 70, um livro escrito por Charles Berlitz e William Moore retomou a história de Allen. Logo depois, o cinema também exibia a lenda.

Na década de 80, o físico Al Bielek começou a dar palestras falando sobre o Projeto – todas muito bem amarradas com o roteiro do filme – durante as quais descrevia a execução da experiência para invisibilidade do navio exatamente como a explicação acima sobre o sistema Degaussing dada pelo pesquisador da UFRGS Adão Antonio de Souza Junior. Curioso, não? Só que para tornar a conspiração da marinha americana mais interessante, ele afirmou ter estado dentro do destróier, ter pulado na água para se salvar do mal-estar causado pela alteração do campo magnético e ter caído no ano de 1983, ou seja, 40 anos à frente no tempo.

Bielek afirmou que o navio só ficou invisível, foi teletransportado da Pensilvânia para Norfolk e ainda viajou no tempo graças à Teoria do Campo Unificado, de Einstein. Esta teoria, que Einstein acreditava unir todas as forças existentes, teria criado um campo de força especial que possibilitaria tudo isto. Achou pouco? Tem mais. Ainda segundo Bielek, esta fenda temporal criada pelo campo atraiu UFOs para a atmosfera terrestre. Uma das naves foi capturada e o ser dentro dela tinha clorofila correndo pelas veias.

Segundo o pesquisador da UFRGS, a Teoria do Campo Unificado de Einstein já foi considerada errada há alguns anos. “Na época de Einstein existiam duas teorias para explicar tudo. A eletromagnética, que regia o magnetismo, e a da relatividade geral, que explicava a gravitação. Naquele tempo se acreditava que tudo podia ser explicado por uma dessas duas forças e Einstein criou a teoria para unificá-las. Mas hoje já se sabe que há pelo menos mais duas, a nuclear forte e a fraca”, explica Adão Junior.

Até hoje, portanto, não há uma teoria que consiga unir todas as forças existentes. “A teoria do campo unificado não tem, a princípio, e pelo o que aprendemos após Einstein, qualquer relação com invisibilidade e teletransporte”, confirma o astrofísico Sandro Rembold.